Vivemos em um momento de falta de perspectiva, falta de ideias inspiradoras, falta de lideranças e falta de organização popular. Estamos fartos de faltas.
Apesar de assistirmos a ensaios que apontam para novidades interessantes nos movimentos populares, como as marchas das mulheres contra Cunha e a resistência dos estudantes secundaristas de São Paulo, eles ainda se mostram embrionários e isolados, ainda sem força para mudar a conjuntura política de nosso país. No entanto, esses movimentos foram como vulcões. Erupções de movimentos sociais ainda subterrâneos.
As mudanças sociais do Brasil desde a redemocratização brasileira foram as causas desse processo ainda em gestação, mas irreversível. A estabilidade econômica, a responsabilidade fiscal, a inédita diminuição da desigualdade com crescimento, a abertura do diálogo com diversos setores da população, a formação de conselhos para elaboração de políticas nacionais, foram muitos dos avanços notáveis que acabaram provocando a mudança de paradigmas que estamos passando - todos eles resultantes do longo período de democracia que vivemos desde os anos 80.
As mutações estruturais em nossa sociedade, porém, não se revelarão instantaneamente. São processos que demoram o tempo que a História exige para se solidificarem. A esquerda, a direita, o centro, todos os espectros políticos tradicionais não já respondem mais aos novos tempos que virão, expressos pelos urros de inconformismo com o presente-passado.
É daí que vem a insatisfação generalizada com a política em geral, refletida ainda mais com a sua expressão maior. O governo de Dilma Rousseff, assim como o de Alckmin e a maioria dos outros ainda não refletem o futuro irreversível que passaremos, assim como não farão os próximos governantes que virão, muito provavelmente aventureiros ou antiquados. As mudanças sociais ainda não se refletirão na política tradicional por um bom tempo. Um acúmulo de lutas ainda precisará amadurecer e aparecer coerentemente.
O discurso do primeiro governo Dilma apontou para isso. A seleção do trecho do Grande Sertão Veredas não poderia ser mais profética para definir os anos Dilma, marcados pelo refluxo provocado pelos avanços em governo anteriores. Esse é um período de gestação, que esfria, afrouxa, que sossega.
Disse ela em seu primeiro dia de governo: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois inquieta. O que ela quer da gente é coragem."
A presidenta "coração valente", ao citar Guimarães Rosa, acertou o diagnóstico, mas errou na receita. O que falta para o momento, mais do que coragem, é paciência.
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As mudanças sociais do Brasil desde a redemocratização brasileira foram as causas desse processo ainda em gestação, mas irreversível. A estabilidade econômica, a responsabilidade fiscal, a inédita diminuição da desigualdade com crescimento, a abertura do diálogo com diversos setores da população, a formação de conselhos para elaboração de políticas nacionais, foram muitos dos avanços notáveis que acabaram provocando a mudança de paradigmas que estamos passando - todos eles resultantes do longo período de democracia que vivemos desde os anos 80.
As mutações estruturais em nossa sociedade, porém, não se revelarão instantaneamente. São processos que demoram o tempo que a História exige para se solidificarem. A esquerda, a direita, o centro, todos os espectros políticos tradicionais não já respondem mais aos novos tempos que virão, expressos pelos urros de inconformismo com o presente-passado.
É daí que vem a insatisfação generalizada com a política em geral, refletida ainda mais com a sua expressão maior. O governo de Dilma Rousseff, assim como o de Alckmin e a maioria dos outros ainda não refletem o futuro irreversível que passaremos, assim como não farão os próximos governantes que virão, muito provavelmente aventureiros ou antiquados. As mudanças sociais ainda não se refletirão na política tradicional por um bom tempo. Um acúmulo de lutas ainda precisará amadurecer e aparecer coerentemente.
O discurso do primeiro governo Dilma apontou para isso. A seleção do trecho do Grande Sertão Veredas não poderia ser mais profética para definir os anos Dilma, marcados pelo refluxo provocado pelos avanços em governo anteriores. Esse é um período de gestação, que esfria, afrouxa, que sossega.
Disse ela em seu primeiro dia de governo: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois inquieta. O que ela quer da gente é coragem."
A presidenta "coração valente", ao citar Guimarães Rosa, acertou o diagnóstico, mas errou na receita. O que falta para o momento, mais do que coragem, é paciência.
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