quarta-feira, agosto 19

Dolce Vita

Imagina que você acorda em um lugar diferente do que costuma acordar. Uma cama baixa, mas na altura exata para o seu pé. Você abre os seus olhos e sua cabeça está afundada em um travesseiro macio onde você está afundado. 
Ao seu lado está uma mulher linda que sorri para você. Seus olhos verdes e seu sorriso devastador te dão uma paz interior gigantesca.
Você levanta depois de uma surpresa matinal, levanta, e ao se espreguiçar percebe que cada músculo e osso do seu corpo está no lugar certo. Nenhuma grama a mais. Todo o seu corpo está no seu devido lugar. Como nunca. Inspira longamente espichando os braços e vê que é flexível como um gato.
Vai ao banheiro branco, sente a água morna molhar sua nuca, e se esfrega com um sabão refrescante com cheiro de mato.
Após o banho, toma o seu café em um deck que dá para uma montanha inacreditavelmente verde, respira fundo e o ar que entra em seu corpo é fresco e úmido, cheirando a grama molhada. Come as frutas mais deliciosas, vindas do pé, do quintal e jardim do andar de baixo, onde seus cachorros brincam.
Após o café você lê os jornais do dia, ao som de uma música agradável e acolhedora. Depois disso, começa a fazer o seu trabalho, sem sair de casa, em um escritório que dá para o jardim. Ao fundo sua mulher nada na piscina de água mineral, e depois toma o sol agradável das 8 horas. Nua.
Assim que termina suas primeiras obrigações diárias, levanta e segue por uma trilha, onde anda para pensar um pouco na vida, no que fez, no que fará.
Você volta, escreve mais um pouco, lê mais um pouco.
Antes do almoço, pára para tocar seu instrumento preferido. Depois de duas novas músicas, almoça uma salada de folhas frescas saídas do pé. O omelete é feito com ovos da granja. O queijo é das cabras que cantam durante todo o dia.
Para descansar do almoço, você cochila por quarenta minutos em sua rede. Acorda assobiando, tentando lembrar todas as ideias que lhe apareceram no sonho.
Volta ao seu trabalho, escreve mais um pouco. Muitos bons insights.
Por hoje é só. Agora quem nada na piscina branca com ladrilhos de fórmica azul é você. E a tarde começa a cair, e você bóia na piscina ouvindo aquela música tocando ao fundo que sonora o pôr do sol. 
Deitado na bóia encontra o braço de sua mulher, também deitada sob a água.
Vocês sorriem e partem para a ópera. Ela com o seu vestido mais bonito, aperta a sua mão como se fosse grudar os corpos em uma só alma. Vocês choram com aquela beleza toda.
Felizes, jantam e conversam por toda noite. O vinho lhe alegra a orelha.
Voltam para casa flutuando, e dormem inseparáveis, afundados no colchão e nos lençóis.
Você abre os olhos, assustado com a gritaria da rua e com o alarme do carro.

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