quarta-feira, janeiro 11
Fala Craviola
Bem que atualmente poderia mudar o nome do Blog, porque nas minhas férias aproveitei meu tempo livre, meu décimo terceiro e fui às compras na Teodoro. No dia tinha ouvido uma música do Django Reinhardt, e fiquei com ela na cabeça, martelando e assobiando o dia inteiro. Foi quando eu, subindo a Teodoro Sampaio (onde tinha ido comprar um songbook do Django) vi um instrumento de corda bem diferente, com uma boca meio de meia-lua, mas parecia um pouco instrumento medieval, bem diferente. Mas bonito.
Perguntei pro vendedor que disse alguma coisa, um pouco dando a entender que o instrumento tava meio encalhado na loja. Mesmo assim pedi pra tocar. Corda de aço, som meio metálico. Adorei.
Saí de lá com aquele nome engraçado na cabeça. Uma tal de Craviola. Entrei num café que tinha wifi e fui procurar mais informação sobre isso.
Aí que gamei de vez. Era um instrumento que tinha sido desenhado pelo Paulinho Nogueira, um dos meus violonistas preferidos. Vizinho meu. Muito familiar. A pedido do Paulinho (que antes de violonista, tinha tentado ser desenhista) tinha sido executado pelo Gianini.
O formato do instrumento interferiu no som. É um som meio diferente, segundo ele lembrava viola ou um cravo. E aí ele gostou, batizou de Craviola. O Gianini patenteou e existe desde então, disponível para todo e qualquer brasileiro que se preze. Parece que tem um disco do Luiz Bonfá só tocado em Craviola e tem outro do próprio Paulinho Nogueira. Bem interessante.
Conhecia o Paulinho Nogueira do meu bairro. Ele morava do outro lado do Parque da Água Branca, quando ainda existia famílias nas ruazinhas da água branca. Encontrava com ele na padaria, no banco, na Sul Mineira, e minha mãe sempre apertava minha mão e falava: esse é o Paulinho Nogueira. Pra mim ele era conhecido bem antes do que suas músicas. Sabia que ele era importante, mas mesmo antes de saber que era violonista, amigo e professor de meio mundo (entre eles o Toquinho, que está nesse vídeo), compositor. Sabia que ele era um velhinho simpático que sempre acenava, e que minha mãe achava ele importante. Só pela maneira como ela apertava a minha mão quando ele passava.
Enfim, uns dez anos depois, quando comecei a estudar seriamente violão dei de cara com a Bachianinha, música dele. Uma das minhas preferidas em todos os tempos. Daí realmente vi o tamanho do cara.
Desde então, já quando ia correr no Parque da Água Branca e encontrava com ele, já mais velhinho (mas sempre elegante) andando nos meios das alamedas em tardes de dia de semana, diminuia a passada, acenava pra ele com a cabeça super respeitavelmente, quase me curvando como se fosse uma homenagem a um nobre. E ele devolvia o aceno.
Enfim, hoje continuo homenageando ele diariamente. Agora com a Craviola.
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