Demorei aqui para escrever sobre o Sócrates, sempre tão citado desde o começo do blog. Tive o prazer de vê-lo jogar desde pequeno. Me lembro do primeiro jogo do Corinthians que fui assistir no estádio, com meus primos, meu pai e meu avó, no Morumbi. O refrigerante e a cerveja eram vendidos naqueles copos gigantes, que mais se pareciam pratos fundos de plástico. Meu vô, como sempre, pediu amendoim doce.
Desse dia lembro de algumas sensações: meus primos e meu irmão gritando o nome do Sócrates (que eu não conseguia falar direito), meu pai comentando o jogo com meu avô e eu com uma bandeira que tinha acabado de ganhar.
Lembro do Solito e do Biro-Biro também. Mas tudo é meio nebuloso na minha cabeça. Mas é daí minha primeira camisa do Corinthians, que tinha o número 8, o meu número e do dele.
Só agora que consigo digerir a última partida que vi no estádio, contra o Palmeiras, no Pacaembú, que deu o título ao Corinthians. Acordei de manhã com a mensagem de um companheiro corintiano, que me falava sobre a morte do Sócrates. Fiquei sabendo daquilo ainda na cama, antes de lavar o rosto. Puta tristeza.
Mas o nervoso para a partida final do campeonato contra o Palmeiras sublimou um pouco a tristeza até o minuto de silêncio, quando todos os jogadores levantaram o braço que nem ele fazia. A torcida também, como se fosse combinado, levantou o braço junto. Mais de 30 mil pessoas.
Eu chorava e tentava não soluçar, mas o pessoal do meu lado notou. Limpei rápido as lágrimas e quando o jogo começou todos berramos. Até o final.
Depois não poderia ter homenagem melhor ao Sócrates do que tomar uma cervejinha para comemorar. Tomar um porre.
O Sócrates foi importante, porque foi uma das poucas pessoas que passaram pela minha vida sem nunca ter me decepcionado. Foi, mesmo quando não concordava com o que ele dizia, coerente. Coerente com seu discurso, formação e história. E fez escolhas muito importantes em momentos críticos. Era muito mais do que um jogador de futebol.
Ídolo até o final.
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