sexta-feira, outubro 17

O melhor de todos

Raphael Rabello teve uma vida muito louca. Prodígio no violão desde pequininho, se vestia igual ao Dino 7 Cordas, seu ídolo, com anel, de branco, apavorando com o violão em rodas de choro no Rio.
Sempre foi bem CDF e disciplinado e era visto como prodígio nesta arte, um sem igual. Até acontecer um acidente e em uma transfusão de sangue ele pegou AIDS.
A partir daí, dizem que ele ficou desesperado, achando que ia morrer. Então começou a produzir freneticamente. Se trancava nos estúdios, começou a cheirar feito um louco.
Em pouquíssimo tempo lançou inúmeros discos. Sem parar. Um atrás do outro. Todos geniais.
Entre eles está o que considero uma obra-prima. Na verdade considero sem dúvida nenhuma o melhor disco instrumental do Brasil em todos os tempos (isso se não for o melhor de qualquer categoria).
É esse disco aqui de cima, onde ele só toca músicas do repertório de Dilermando Reis (mas também compostas por outros gênios, como Américo Jacomino e João Pernambuco). Acho o melhor porque ele conseguiu juntar todos esses fora-de-série, em interpretações memoráveis (pizzicatos, rasgeados, porra-louca mas minimalista, será possível?). Tava possuído, iluminado. Santo. Deus.
Juntou o repertório que todo brasileiro deveria ouvir diariamente antes de dormir.
Gênio da raça.

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