Tá legal, esse negócio de um dos nomes mais ilibados entre os assessores do presidente fazendo sinal de "ih-si-fudeu" (nunca soube que isso chamava "top-top", por causa do Henfil da época do Pasquim) é horrível, pega mal, nao é legal.
Preferia nao ter visto essa.
Principalmente atrelado à imagem tao tenebrosa e dramática, de 200 pessoas mortas inocentemente, etc...
Mas fiquei extremamente indignado com a falta de perguntas fundamentais de toda a cobertura jornalística do país neste caso. Até mesmo a parte do jornalismo que poderia fazer e fugir do "mainstream" (Carta Capital, Paulho Henrique Amorim, etc..), nao fez as perguntas que euesperava que fizessem.
[Também nao quero ficar defendendo um lado e atacando brutalmente a cobertura jornalística de Globo ou Folha. Como meu amigo Tatu, na verdade estou meio de saco cheio de ter que sempre ficar me posicionando e me esgoelando neste debate sacal entre a chamada "mídia golpista" (Folha, Estado, Globo, qualquer órgao de imprensa grande) e a chamada "mídia alternativa" (sei lá, Carta Capital, Paula Henrique já citado, até Brasil de Fato da vida). Ou entre estudantes da Usp, a galera do Pstu, os velhos comunas sem lugar e rabugentos e a galera que convivo aqui no bairro, na maioria tucaninha, limpa, semi-européia, esclarecida, sabe-tudo...
Nao me sinto mais à vontade nem muito de um lado, nem de outro, pelo menos nao me agrada mais ter que me posicionar neste embate eterno.]
Ufa! Mas o que vim escrever nao é isso. Voltemos ao caso "Marco Aurélio", ou caso "top-top", ou caso "ggggggiiiiiiiiiiiiaaaaa-si-fudeu-tomou-papudo".
O que toda a imprensa divulgou aos montes foi a imagem do cara (que pessoalmente acho bem bacana, bem preparado e bem intencionado) fazendo o tal do sinal. Até aí beleza. Isso é a divulgaçao do fato em si. Ponto.
Mas pela minha fugaz, brevíssima experiência jornalística, as primeiras coisas que um jornalista deve se perguntar e deixar claro na matéria sao o "como", "quando", "onde" e o "porquê". Ou seja, ao expor o "lide" principal, o que deve se seguir sao as fontes, a história inteira, a opiniao de pessoas neutras, os dois lados. Mas nesse caso nada disso aconteceu.
Ninguém, ninguém, explicou quem filmou isso e em que circustâncias. Afinal, como esse furo aconteceu e foi veiculado tao imediatamente?? Quem bolou esse flagrante?? Quem mandou a câmera ficar ligada com o zoom no cara até ele vacilar? Será que só colocaram a câmera nesse assessor, ou será que também tentaram pescar a reaçao de outros caras do governo mais importantes (e que nao chegaram a vacilar)?
O que imagino é que nenhum profissional da área deixa as câmaras ligadas por acaso, sem querer, com um zoom fudido, enquadrada certinho e voltada para o Palácio do Planalto, pro prédio onde fica o Presidente da República!!
Na hora que a Globo divulgou isso, pensei imediatamente no caso do dinheiro do dossiê contra o Serra, que foi divulgado amplamente, mas depois a história da forma da divulgaçao explicou como funciona esse tipo de coisa, o tipo de vazamento, os motivos políticos do momento e como é parcial a cobertura jornalística desses órgaos.
Mas nesse caso ninguém se perguntou como o top-top foi parar lá, por quem ele foi filmado, a mando de quem, como e porquê ele foi filmado, de que maneira.
Pensemos nisso.
Obs: Quem quiser pensar mais há vários artigos no Observatório da Imprensa sobre esse assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário